A Igreja Doméstica como Centro da Espiritualidade Cristã

18 de Setembro de 2024
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Hoje, estamos vivendo tempos extremamente difíceis para a Igreja e para o cristianismo. São tempos de perseguição, de escárnio ao Reino de Deus e de deboche. Cada vez mais, tem sido difícil ser cristão e viver a fidelidade a Deus e à sua proposta. Infelizmente, essa situação está penetrando nos seios das famílias. Os pais precisam ser fiéis ao Reino e orientar suas famílias na fidelidade incondicional a Deus. Vejamos o que Josué disse ao povo de coração endurecido: "Sirvam a quem quiserem, mas eu já estou decidido." Essa é a autoridade paterna, a autoridade de quem foi constituído sacerdote da igreja doméstica. O pai e o esposo são insubstituíveis nesse papel. Nem o bispo da diocese, nem o sacerdote da igreja podem substituir o ministério sacerdotal da igreja particular chamada igreja doméstica, onde o homem, junto com sua esposa, recebeu o sacramento do matrimônio.

Como o Evangelho nos ensina, "O que Deus uniu, homem nenhum separa". O homem é constituído sacerdote da sua igreja doméstica para apascentar o pequeno rebanho que Deus lhe confiou, conduzindo sua esposa e filhos à glória eterna. Essa glória começa aqui neste mundo, servindo ao Reino de Deus com alegria e fidelidade. Mas o demônio está sempre forçando a porta, tentando adentrar na igreja doméstica e armar a tenda da desgraça no seio da família. Por isso, hoje, mais do que nunca, é necessário uma porção dobrada de vigilância, fé e autenticidade. Não se pode ser "mais ou menos" quando se trata de fé; é preciso defendê-la contra as armadilhas do demônio.

O feminismo, assim como o machismo, é nocivo às famílias. Nem um, nem o outro prestam. O feminismo desautoriza a figura paterna e tenta feminizar o homem, tornando-o vulnerável diante das ciladas do demônio contra a família. Estamos vendo isso claramente, e como Jesus disse, "o pior cego é aquele que vê, mas não enxerga." Assim, Josué proclamou ao povo: "Sirvam a quem quiserem, mas eu e minha família serviremos ao Senhor." Essa decisão é exemplar para todo homem cristão, vocacionado a ser pai e chefe de família, gerando filhos junto à sua esposa.

Estamos encerrando a Semana Nacional da Família, e no domingo passado, celebramos a vocação ao matrimônio, uma vocação digna. Assim como celebramos o sacerdócio ministerial no primeiro domingo de agosto, no segundo domingo celebramos o matrimônio e a vocação à paternidade responsável. A primeira responsabilidade de quem é chamado ao matrimônio sagrado é formar seus filhos para serem bons cidadãos no mundo e excelentes cidadãos para o Céu, pois nenhum filho ficará para sempre aqui na terra. Os pais têm a responsabilidade de abençoar e orientar seus filhos para o bem, como meus pais faziam em casa.

Todo pai e mãe tementes ao Senhor, que fizeram do matrimônio um caminho sagrado, têm a missão de criar suas famílias para servir a Deus. O Catecismo da Igreja Católica se refere ao matrimônio como um "sacramento de missão", pois tanto o sacramento da ordem ministerial quanto o do matrimônio têm como objetivo colaborar diretamente com Cristo na implantação do Reino de Deus na Terra.

Quem se casa, casa-se para servir ao Senhor com alegria, como Josué enfatizou: "Servir ao Senhor, colocar o matrimônio a serviço do Reino de Deus." Pai, mãe e filhos devem estar ajoelhados diante de Deus, sem divisão de coração, sem servir a falsos deuses ou amores. Jesus, no Evangelho, diz que ninguém pode servir bem a dois senhores. Onde estiver o seu tesouro, ali estará o seu coração.

A leitura de hoje é providencial para encerrar a Semana Nacional da Família, cujo tema está alinhado com a vocação à santidade. A primeira vocação cristã, em qualquer estado de vida, é a santidade. Quem se casa, casa-se para fazer o outro santo e ser instrumento de Deus para levar o outro ao Céu. No juízo final, o Senhor dirá à esposa: "Quem te santificou para mim?" E ela responderá: "Meu esposo santo, que se sacrificou para que eu e meus filhos fossemos santos." E o mesmo se aplicará ao marido, que será santificado por sua esposa.

Essa é a visão de Deus, ainda que o mundo a considere ultrapassada. Contudo, confiamos em Deus e seguimos em frente, sem abrir mão da vocação à santidade. Levemos para casa hoje as palavras de Josué: "Eu e minha casa serviremos somente ao Senhor." Amém.

Dom Antônio Tourinho Neto

Fonte: Doutrina Católica

https://www.youtube.com/@Doutrina.Catolica

Homilia do Bispo Dom Antônio Tourinho Neto. (19/08/2023)

Carmelo São José (Passos - MG)