Deus quer ser o centro de nossas vidas

26 de Setembro de 2024
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Neste 26º Domingo Comum, a Liturgia da Palavra nos convida a refletir sobre a centralidade de Deus em nossas vidas e a responsabilidade que temos em relação ao próximo. As Leituras de hoje nos mostram como a busca por bens materiais e a indiferença ao sofrimento alheio podem nos afastar do verdadeiro propósito de nossa existência: viver em comunhão com Deus e com os outros.

Na 1a Leitura (Números 11:25-29), encontramos o povo de Israel em um momento de descontentamento. Eles murmuram contra Deus, desejando carne em vez do maná que lhes era providenciado. Essa queixa revela uma falta de confiança na providência divina e uma insatisfação com o que Deus lhes oferecia. A resposta de Deus, ao enviar o Espírito sobre os setenta anciãos, é um lembrete de que Ele está sempre presente, pronto para guiar e sustentar seu povo. A fala de Moisés, desejando que todos pudessem profetizar, reflete um desejo de que a presença de Deus seja acessível a todos, não apenas a alguns escolhidos. Essa passagem nos convida a confiar em Deus e a reconhecer que, mesmo em tempos de dificuldade, Ele está conosco, oferecendo o que precisamos para nossa jornada.

Na 2a Leitura (Tiago 5:1-6) tirada da Carta de São Tiago, encontramos um forte chamado à reflexão sobre a riqueza e a justiça. São Tiago adverte os ricos sobre as consequências de sua opressão e exploração dos trabalhadores. Ele destaca que a riqueza acumulada sem consideração pelo próximo é efêmera e traz consigo um peso de condenação. A mensagem é clara: a verdadeira riqueza não está nos bens materiais, mas na justiça, na solidariedade e no amor ao próximo. Este texto nos desafia a examinar nossas próprias vidas e a maneira como tratamos os outros, especialmente os mais vulneráveis. A riqueza deve ser um meio para promover o bem comum e não um fim em si.

O Salmo Responsorial (Salmo 19:8-14) complementa as Leituras e nos inspira a respondermos a Deus, exaltando a perfeição da Lei do Senhor e sua capacidade de converter a Ele as almas. O salmo nos lembra que a sabedoria e a justiça de Deus são mais valiosas do que qualquer riqueza material. A lei do Senhor é descrita como perfeita, capaz de alegrar o coração e iluminar os olhos. Este salmo nos convida a buscar a sabedoria divina e a permitir que a palavra de Deus guie nossas ações e decisões. A meditação sobre a Lei do Senhor nos ajuda a discernir o que é verdadeiramente importante em nossas vidas e a viver segundo os valores do Reino de Deus.

No Evangelho (Marcos 9:38-43, 45, 47-48), Jesus ensina sobre a inclusão e a importância de não escandalizar os pequenos. Ele responde a João, que se opõe a alguém que expelia demônios em seu nome, afirmando que quem não é contra nós é a nosso favor. Essa passagem nos desafia a reconhecer que a obra de Deus pode se manifestar de maneiras inesperadas e por meio de pessoas que não pertencem ao nosso grupo, à nossa Igreja, ao nosso Movimento ou à nossa Paróquia. Jesus também fala sobre a gravidade do pecado e a necessidade de cortar tudo o que nos afasta de Deus. Essa linguagem forte é um convite à conversão e à radicalidade no seguimento de Cristo. A mensagem central é que devemos estar dispostos a sacrificar o que nos impede de viver plenamente a vida que Deus nos oferece.

Neste Domingo, a Liturgia da Palavra nos convida a refletir sobre a nossa relação com Deus e com os outros. Somos chamados a confiar na Providência divina, a usar nossos recursos para o bem comum e a viver em comunhão com todos, reconhecendo a presença de Deus em cada um. Peçamos a Deus que nos ajude a abrir nossos corações para a mensagem de amor e justiça que nos é proposta, permitindo que a luz de Cristo ilumine nosso caminho e nos conduza a uma vida cristã plena e significativa.

Dom Antonio Carlos Rossi Keller

Bispo de Frederico Westphalen (RS)