Iraque: Cristãos celebraram Natal com lágrimas de emoção por palavras do Papa Francisco

30 de Dezembro de 2014
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Enquanto se lia a mensagem do Papa Francisco para os cristãos de Oriente Médio “tinha gente que chorava emocionada”, afirmou o P. Luis Montes, sacerdote que trabalha pastoralmente em Bagdá (Iraque), ao relatar como celebraram o Natal os fiéis refugiados, que desde mediados do 2014 tiveram que abandonar seus lares por causa do Estado Islâmico (ISIS).

Através do lugar de Facebook “Amigos de Iraque”, o sacerdote argentino descreveu o ambiente vivido pelos fiéis, quem –tal como afirmou o Papa Francisco-, são como Jesús a noite de Natal.

Publicação de Amigos de Iraque.

A seguir o relato completo do P. Morros:

“Missa de Natal com os refugiados em Bagdá”

Para este Natal agregamos três Missas às que celebramos cada ano. Dois em inglês das que falarei em outro pós e uma em árabe para os refugiados na escola.

Esta última foi muito especial pela difícil situação na que vivem e por um especial presente do Santo Pai.

O Papa Francisco enviou uma mensagem para que seja lido nas Missas de Natal, e na escola foi onde teve maior força porque, conquanto ia dirigida a todos os cristãos de Médio Oriente, tinha uma especial significação para os que perderam tudo por causa da perseguição.

Monsenhor Jorge, secretário do nuncio, disse umas formosas palavras ao princípio da Missa explicando como os cristãos refugiados se pareciam tanto a Jesús em Belém, e depois contou à gente da mensagem do Papa. Entregamos uma cópia do mesmo a cada fiel e o lemos depois do evangelho.

As palavras do Papa ressoavam com particular força no ambiente aberto da escola que, como igreja improvisada, albergava aos que mais se assemelhavam ao menino Deus que nasceu pobre, sem comodidades, fora de sua cidade, e que deveu depois fugir de quem o perseguia para matá-lo.

Enquanto se lia a mensagem do Sumo Pontífice tinha gente que chorava emocionada. Cumpria-se ao pé da letra o que dizia o Papa: “para muitos de vocês as notas dos villancicos estarão misturadas com lágrimas e suspiros.”

Como não iam sentir emoção ao verse tão cerca do coração de pai do Papa? “Penso especialmente nos meninos, as mães, os anciãos, os deslocados e refugiados, os que passam fome, os que têm que suportar a dureza do inverno sem um teto sob o que proteger-se. Este sofrimento clama a Deus e apela ao compromisso de todos nós, com a oração e todo tipo de iniciativas. Desejo fazer chegar a todos minha cercania e solidariedade, bem como a da Igreja, e dar uma palavra de consolo e esperança”.

Viam-se refletidos em cada palavra: “¡Que possais dar sempre depoimento de Jesús no meio das dificuldades! Vossa presença é valiosa para Oriente Médio. Sois um pequeno rebanho, mas com uma grande responsabilidade na terra em que nasceu e se estendeu o cristianismo. Sois como o fermento na massa. Antes que qualquer das atividades da Igreja no âmbito de educativo, sanitário ou assistencial, tão valorizadas por todos, a maior riqueza para a região são os cristãos, sois vocês. Graças por vossa perseverança”.

E mais ainda porque muitos perderam seres queridos nesta perseguição: “A situação em que viveis é um forte telefonema à santidade de vida, como assim o atestaram os santos e mártires de diverso pertence eclesial. Recordação com afeto e veneração aos Pastores e fiéis aos que nos últimos tempos se lhes pediu o sacrifício da vida, com freqüência pelo mero fato de ser cristãos. Também penso nas pessoas seqüestradas“.

E se sentiam ademais interpelados: “Rezo para que vivais a comunhão fraterna a exemplo da primeira comunidade de Jerusalém. A unidade querida por nosso Senhor é mais necessária que nunca nestes tempos difíceis; é um dom de Deus que interpela a nossa liberdade e espera nossa resposta… Queridos irmãs e irmãos cristãos de Oriente Médio, tendes uma grande responsabilidade e não estais sós frente a ela. Por isso quis escrever-vos para animar-vos e para dizer-vos o valiosa que é vossa presença e vossa missão nesta terra abençoada pelo Senhor. Vosso depoimento me faz muito bem. Graças. Todos os dias rezo por vocês e vossas intenções. Dou-vos as graças porque sei que vocês, em vossos sofrimentos, rezais por mim e por meu serviço à Igreja. Realmente espero ter a graça de ir em pessoa a visitar-vos e confortar-vos”.

É muito difícil expressar o ambiente que se vivia na Missa. O sofrimento por Cristo fecundava os corações, unia-os a Seu Santo Sacrifício e lhes trazia paz. Ao final da celebração se acercaram todos a beijar a pequena imagem de madeira de oliveira de Terra Santa do Menino Jesús que era uma proclamação que o nascimento do Filho de Deus em nossa carne humana é um mistério inefável de consolação: «Pois se manifestou a graça de Deus, que traz a salvação para todos os homens» (Tt2,11). E por isso a alegria colmava os corações. Alegria profunda e serena. ¡Verdadeira alegria!

Agradecemos a Deus por este formoso Natal que nos concedeu.

Agradecemos ao Papa suas palavras de alento: “desejo expressar meu especial reconhecimento e gratidão a todos vocês, queridos irmãos Patriarcas, Bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, que acompanhais com solicitação o caminho de vossas comunidades. Que preciosa é a presença e atividade dos que se consagraram totalmente ao Senhor e o servem nos irmãos, especialmente nos mais precisados, testemunhando sua grandeza e seu amor infinito! ¡Que importante é a presença dos Pastores junto a seu rebanho, especialmente nos momentos de dificuldade!“.

Agradecemos a todos os que nos estão acompanhando com suas orações e sacrifícios.

E agradecemos a nossos cristãos por seu exemplo.

Muito Feliz Natal!