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Igreja: comunidade em oração e missão! 02/06/2025
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! A Ascensão do Senhor Jesus ao céu marca a sua volta para a casa do Pai e incide diretamente na vida dos discípulos. O mundo é o mesmo de antes da sua encarnação, morte e ressurreição, mas passa a ser visto com olhos renovados a partir da luz da fé. As alegrias e as dores, as desilusões e as esperanças adquirem um novo significado. A luz do ressuscitado abre aos homens e mulheres de fé novos horizontes, que lhes oferecem a possibilidade de encontrar um novo sentido em tudo aquilo que acontece ao longo da vida, mesmo vivendo num mundo assolado por guerras e injustiças que ferem e destroem o sagrado dom da vida de tantas pessoas inocentes.
A Igreja tem como missão anunciar o Reino de Deus ao mundo. Podemos dizer que é uma missão sublime, mas ao mesmo tempo árdua, em que os discípulos devem empenhar as próprias forças sem desprezarem a graça de Deus. “Não tenhas medo, porque eu estarei contigo e ninguém procurará fazer-te mal” (At 18,9-10). A promessa de Jesus ressuscitado, feita aos discípulos que iniciam o anúncio e a missão junto às primeiras comunidades, não pode ser esquecida pela comunidade cristã: “Eis, que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 1,22,23).
Não podemos esquecer que a Igreja, mesmo sendo uma comunidade ferida e frágil é, ao mesmo tempo, portadora de uma mensagem de esperança para todos os seus filhos. Todos os fiéis podem encontrar na Igreja um espaço de crescimento espiritual, porque essa não é constituída por uma elite de puros, mas uma comunidade de santos e pecadores, que acolhem e caminham para a santidade na casa do Pai.
Não queremos negar a fragilidade da Igreja, mas queremos também fazer conhecer a sua missão e a sua dignidade. E a primeira e fundamental dignidade da Igreja é ser comunidade convocada por Jesus Cristo. A Igreja é, portanto, uma comunidade frágil, mas que foi beneficiada por Jesus através da sua revelação, no seu corpo glorioso da ressurreição. A Igreja é, então, uma realidade histórica e teológica, comunidade de santos e pecadores, investida de uma dignidade altíssima, sujeita às misérias dos homens e, por isso, testemunha da misericórdia do Pai, da qual é a primeira beneficiada, e, portanto, pode e deve anunciá-la ao mundo na sua ação missionária e evangelizadora.
Quantas alegrias e dores acompanharam a vida daqueles que deixaram tudo para responder ao convite do Senhor: “vem e segue-me”. Eles aprenderam a conhecer o Mestre, percorrendo com ele o caminho do amor serviço pela causa do Reino; aprenderam a ser discípulos, esvaziando-se das ambições temporais, das seguranças do mundo, para serem peregrinos do Evangelho, entregando a vida e confiando nas palavras de Jesus, na sua proximidade, na ressurreição e na vida eterna.
Essa confiança na proximidade do Senhor, que partiu para o céu mas continua presente no mundo, alimentando a nossa caminhada de discípulos e discípulas, com o Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia, é fundamental na vida do cristão e das comunidades que se reúnem para celebrar a fé no Senhor Jesus.
Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)
Fonte: Cnbbhttps://www.cnbb.org.br
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Papa Leão XIV pede atenção às famílias que estão espiritualmente distantes 02/06/2025
O Papa Leão XIV enviou uma mensagem aos participantes do seminário intitulado "Evangelizar com as famílias de hoje e de amanhã. Desafios eclesiológicos e pastorais", que teve início, nesta segunda-feira (02/06), na sede do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, organizador do evento, situada no bairro Trastevere, em Roma. O encontro prossegue até terça-feira, 3 de junho.
Um evento promovido logo após o Jubileu das Famílias, das Crianças, dos Avós e dos Idosos em que um grupo de especialistas reflete sobre um tema que "expressa bem a preocupação maternal da Igreja com as famílias cristãs presentes em todo o mundo: membros vivos do Corpo Místico de Cristo e o primeiro núcleo eclesial ao qual o Senhor confia a transmissão da fé e do Evangelho, especialmente às novas gerações" escreve o Papa no texto. "A profunda questão do infinito, inscrita no coração de cada homem, confere aos pais e mães de família a tarefa de conscientizar seus filhos sobre a Paternidade de Deus", ressalta Leão XIV, "segundo o que escreveu Santo Agostinho" nas Confissões: «Assim como em Ti temos a fonte da vida, assim também na Tua luz veremos a luz».
Busca pela espiritualidade
De acordo com o Papa, "o nosso tempo é marcado por uma crescente busca pela espiritualidade, especialmente entre os jovens, que desejam relações autênticas e mestres de vida. Por isso, é importante que a comunidade cristã saiba lançar um olhar distante, tornando-se guardiã, diante dos desafios do mundo, do anseio de fé que habita o coração de cada um".
Segundo Leão XIV, "é particularmente urgente, neste esforço, dedicar especial atenção às famílias que, por vários motivos, estão espiritualmente mais distantes: aquelas que não se sentem envolvidas, que dizem não estar interessadas, ou que se sentem excluídas dos percursos comuns, mas que, no entanto, gostariam de ser de alguma forma parte de uma comunidade, na qual crescer e com a qual caminhar". "Quantas pessoas, hoje, ignoram o convite para encontrar Deus", ressalta.
Modelos ilusórios de vida
"Infelizmente, diante dessa necessidade, uma “privatização” cada vez mais difundida da fé impede, muitas vezes, esses irmãos e irmãs de conhecer a riqueza e os dons da Igreja, lugar de graça, fraternidade e amor", escreve ainda o Papa, ressaltando que "muitos acabam se apoiando em falsos apoios que, não suportando o peso de suas necessidades mais profundas, os fazem deslizar novamente, distanciando-os de Deus e fazendo-os naufragar num mar de solicitações mundanas".
Entre eles, encontram-se pais e mães, crianças, jovens e adolescentes, por vezes alienados por modelos ilusórios de vida, onde não há espaço para a fé, para cuja difusão contribui, em grande medida, o uso distorcido de meios potencialmente bons em si mesmos, como as redes sociais, mas nocivos quando transformados em veículos de mensagens enganosas.
Segundo o Papa, "o que move a Igreja em seu esforço pastoral e missionário é o desejo de ir ´pescar´ esta humanidade para salvá-la das águas do mal e da morte através do encontro com Cristo".
Compreender a beleza da vocação ao amor
A seguir, o Pontífice ressalta que os jovens que hoje "escolhem a convivência em vez do matrimônio cristão", talvez "precisem de alguém que lhes mostre de maneira concreta e compreensível, sobretudo com o exemplo de vida, o que é o dom da graça sacramental e qual a força que dela provém". Alguém "que os ajude a compreender “a beleza e a grandeza da vocação ao amor e ao serviço da vida” que Deus concede aos esposos".
Leão XIV recorda que "muitos pais, na educação dos filhos na fé, precisam de comunidades que os apoiem na criação de condições para que possam encontrar Jesus, «lugares onde se realiza aquela comunhão de amor que encontra a sua fonte última no próprio Deus»". "A fé é, primeiramente, uma resposta a um olhar de amor, e o maior erro que podemos cometer como cristãos é, nas palavras de Santo Agostinho, «pretender que a graça de Cristo consista no seu exemplo e não no dom da sua pessoa»".
Quantas vezes, num passado talvez não tão distante, esquecemos esta verdade e apresentamos a vida cristã principalmente como um conjunto de preceitos a serem respeitados, substituindo a experiência maravilhosa do encontro com Jesus, Deus que se doa a nós, por uma religião moralista, pesada, pouco atraente e, de certa forma, inviável na concretude da vida quotidiana.
Tornando-se "pescadores de famílias"
Segundo o Papa, "neste contexto, cabe antes de tudo aos Bispos, sucessores dos Apóstolos e Pastores do rebanho de Cristo, lançar a rede ao mar, tornando-se “pescadores de famílias”. Os leigos são chamados a se comprometerem nesta missão, tornando-se, junto com os Ministros ordenados, “pescadores” de casais, de jovens, crianças, mulheres e homens de todas as idades e condições, para que todos possam encontrar Aquele que é o único que pode salvar. De fato, cada um de nós, no Batismo, é constituído Sacerdote, Rei e Profeta para os irmãos, e se torna “pedra viva” para a construção do edifício de Deus «na comunhão fraterna, na harmonia do Espírito, na convivência das diversidades»".
Leão XIV convida a entender como "caminhar com essas famílias e como ajudá-las a encontrar a fé, tornando-se “pescadores” de outras famílias", a "se abrir, quando necessário, a novos critérios de avaliação e a diferentes modos de agir, porque cada geração é diferente da outra e apresenta os seus desafios, sonhos e interrogações". "Mas, em meio a tantas mudanças, Jesus Cristo permanece «o mesmo ontem, hoje e sempre». Portanto, se queremos ajudar as famílias a viverem caminhos alegres de comunhão e a serem sementes de fé umas para as outras, é necessário que, antes de tudo, cultivemos e renovemos a nossa identidade de fiéis", conclui o Papa.
Fonte: Vatican Newshttps://www.vaticannews.va
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Comunicar com esperança em tempos de guerra 02/06/2025
No contexto de uma Terra Santa dilacerada pela guerra, sofrimento e divisão, a mensagem do Papa Francisco para o 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais — celebrado no dia 1º de junho, no domingo anterior à Solenidade de Pentecostes — ressoa como um apelo profético e urgente: “Compartilhem com mansidão a esperança que há em seus corações” (1Pd 3, 15-16). Não se trata apenas de uma orientação aos profissionais da mídia, mas de uma convocação a todos os cristãos para repensarem a forma como comunicam no mundo atual: nossas palavras constroem a paz ou apenas alimentam os conflitos?
Uma esperança que se comunica entre os ruídos da guerra
Na mensagem publicada em 24 de janeiro de 2025, o Papa convida os fiéis a se tornarem comunicadores de esperança, inspirando-se em Cristo, o “comunicador perfeito”. Adverte contra uma comunicação que gera medo, ódio ou desespero — uma retórica que desumaniza e agrava divisões.
Francisco recorda que a esperança é uma virtude silenciosa, mas perseverante, que precisa ser compartilhada com verdade, reverência e compaixão. Mais do que apenas informar, o cristão é chamado a comunicar com o coração e a alma.
De Emaús a Gaza: uma comunicação que ouve, caminha e transforma
O Papa propõe um modelo de comunicação cristã inspirado na cena bíblica dos discípulos de Emaús: Jesus ressuscitado caminha ao lado deles, escuta atentamente sua dor e, depois, reacende sua esperança. Essa comunicação começa com a escuta e se realiza no encontro.
A partir da Primeira Carta de Pedro, Francisco apresenta três marcas de uma comunicação autenticamente cristã:
- Escolher ver o bem mesmo quando tudo parece
- Estar pronto para testemunhar a esperança, que tem nome: Cristo;
- Falar com mansidão e respeito, sem agressividade ou medo.
Um estilo comunicativo que nasce do coração
O Papa sonha com uma comunicação que cura feridas em vez de reabri-las, que une em vez de polarizar. Uma comunicação que não transforma pessoas em rótulos ou ideologias, mas que reconhece e valoriza sua dignidade. Ele chama os comunicadores a se tornarem companheiros de viagem, semeando esperança em meio às adversidades, com palavras que acolhem, sustentam e curam.
Essa comunicação não nasce da reatividade, mas da misericórdia enraizada em Cristo. É um caminho de ternura, silêncio eloquente e testemunho fiel. Na Terra Santa, onde cada palavra tem peso e repercussão, o Papa lembra que uma única frase pode acender o ódio ou reacender a fé.
Cristãos da Terra Santa: vozes que importam
A todos os cristãos — jornalistas, jovens, religiosos, pais, estudantes — especialmente na Terra Santa, Francisco dirige um pedido: escolham o amor e comuniquem com esperança. Numa terra muitas vezes mergulhada na dor, ousar ser gentil é um ato revolucionário de fé. Suas vozes, mesmo frágeis, podem ser instrumentos de unidade.
O Papa nos convida a sermos narradores da esperança: com coragem, fidelidade e ternura, levando a luz de Cristo aos confins do mundo, a partir do coração ferido e sagrado da Terra Santa.
> “Compartilhem com mansidão a esperança que há em seus corações” — esse não é apenas o tema de uma celebração, mas um chamado à missão. Em tempos de escuridão, sejamos aqueles que, como Jesus, caminham com os que sofrem, ouvem com paciência e semeiam, com palavras e gestos, a esperança que não decepciona.
Fonte: Vatican Newshttps://www.vaticannews.v
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São Félix de Nicósia: o frade que nos ensina o valor das pequenas coisas 02/06/2025
Neste dia 2 de junho, a Igreja celebra São Félix de Nicósia, um humilde frade capuchinho do século XVIII que, com simplicidade e firmeza espiritual, tornou-se exemplo vivo de caridade, obediência e amor profundo a Deus. Nascido em 1715 na cidade siciliana de Nicósia, Itália, recebeu no batismo o nome de Filippo Giácomo Amoroso. Desde jovem, demonstrava forte desejo de consagrar sua vida a Deus. No entanto, sendo analfabeto, não pôde tornar-se clérigo e teve seu pedido de admissão na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos recusado por oito anos consecutivos.
Persistente e confiante na vontade divina, finalmente foi aceito como irmão leigo no convento de Mistretta. Em 10 de outubro de 1774, fez sua profissão perpétua e, em seguida, foi enviado ao convento de sua cidade natal, onde viveu até sua morte. Durante grande parte de sua vida religiosa, São Félix exerceu o ofício de esmoleiro. Diariamente percorria as ruas de Nicósia, batendo à porta dos ricos para pedir auxílio aos necessitados, e à dos pobres para oferecer consolo e apoio. Com isso, tornou-se elo de comunhão entre classes sociais, aproximando corações e encurtando distâncias com sua presença fraterna.
Seu testemunho mais eloquente, porém, vinha de sua atitude diante de cada situação: ao ser recebido com generosidade ou ao ser rejeitado com indiferença ou insulto, sua resposta era sempre a mesma e carregada de fé: “Seja por amor de Deus”. Esse gesto, simples mas profundo, refletia sua íntima união com Cristo. Mesmo sem saber ler ou escrever, São Félix absorvia com atenção as Sagradas Escrituras e os ensinamentos dos mestres espirituais que ouvia no convento. Com memória aguçada e coração aberto, fazia da escuta uma escola interior, capaz de iluminar muitos que dele se aproximavam.
Devoto fervoroso da Eucaristia, passava longas horas em adoração diante do Sacrário. Tinha ainda grande amor por Nossa Senhora das Dores — cuja imagem carregou junto ao peito por três décadas — e meditava com frequência a Paixão de Cristo, rezando com os braços cruzados em sinal de reverência. Sua espiritualidade era profundamente encarnada: unindo contemplação e serviço, São Félix sabia que colocar Deus em primeiro lugar era o segredo para que tudo mais encontrasse sentido.
Reconhecendo a pureza de sua entrega, Deus lhe concedeu dons extraordinários, como o da cura de enfermidades do corpo e da alma, além do dom da bilocação, com o qual pôde atender a mais pessoas em diferentes lugares ao mesmo tempo. Sua fama de santidade cresceu ainda em vida, mas foi após sua morte, em 31 de maio de 1787, que sua história começou a se espalhar com mais força. Beatificado em 1888 pelo papa Leão XIII, foi canonizado em 23 de outubro de 2005 pelo papa Bento XVI.
Durante a homilia da canonização, o papa destacou: “Este humilde frade capuchinho, ilustre filho da terra da Sicília, austero e penitente, fiel às mais genuínas expressões da tradição franciscana, foi gradualmente transformado pelo amor de Deus, vivido e concretizado no amor ao próximo”. Segundo Bento XVI, São Félix nos ensina a descobrir o valor das pequenas coisas que enriquecem a vida, a reconhecer o dom do serviço aos irmãos e a entender que a verdadeira alegria nasce do amor.
A vida de São Félix de Nicósia permanece como um convite permanente à humildade, à escuta atenta e à doação desinteressada. Em tempos marcados por pressa e busca de grandezas, ele nos recorda que Deus age no simples, no escondido, e que a santidade pode florescer na rotina cotidiana, quando cada gesto é oferecido “por amor de Deus”.
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De onde vem a devoção ao Sagrado Coração de Jesus 02/06/2025
À medida que se aproxima a celebração do Sagrado Coração de Jesus, muitos fiéis se perguntam sobre as origens dessa devoção que há séculos toca profundamente o coração da Igreja. A prática de honrar o Coração de Jesus começou a ganhar forma no século XI, quando cristãos devotos meditavam sobre as cinco chagas de Cristo crucificado. Com o passar do tempo, diversas orações e práticas piedosas — como a veneração à ferida no ombro de Jesus — se difundiram entre os fiéis, levando-os a aprofundar-se no mistério da paixão e a alimentar um amor mais íntimo por Jesus.
A primeira celebração litúrgica dedicada ao Sagrado Coração foi realizada apenas em 1670, pelo padre francês Jean Eudes. Mas foi por meio das visões místicas da religiosa Margarida Maria Alacoque que essa devoção ganhou forma e força. Em dezembro de 1673, Jesus apareceu à irmã Margarita e lhe permitiu repousar a cabeça sobre Seu Coração, assim como havia feito anteriormente com Santa Gertrudes. Nessa experiência profunda de comunhão espiritual, Cristo revelou a ela a profundidade de Seu amor e a missão que lhe confiava: tornar conhecida ao mundo a Sua infinita bondade.
No ano seguinte, entre junho e julho de 1674, Margarida relatou que Jesus desejava ser venerado com a imagem de Seu Coração humano, ferido e ardente de amor. Pediu ainda que os fiéis O recebessem frequentemente na Eucaristia, sobretudo na primeira sexta-feira de cada mês, e que dedicassem uma hora especial de adoração, conhecida como Hora Santa. Em 1675, durante a oitava da solenidade de Corpus Christi, a santa viveu o que se tornou conhecido como a “grande aparição”. Nessa revelação, Jesus pediu que a festa do Sagrado Coração fosse celebrada anualmente na sexta-feira seguinte ao Corpus Christi, como reparação às ofensas e ingratidões cometidas contra Seu sacrifício redentor.
Após a morte de Santa Margarida Maria, em 1690, a devoção ao Sagrado Coração começou a se difundir com mais intensidade. Ainda assim, a Igreja, prudente quanto a revelações particulares, só aprovou oficialmente a festa em 1765, inicialmente para a França. Mais tarde, em 8 de maio de 1873, o papa Pio IX concedeu aprovação formal à devoção, reconhecendo seu valor espiritual para toda a Igreja. Em 1899, o papa Leão XIII recomendou solenemente que todos os bispos do mundo celebrassem a festa em suas dioceses, dando novo impulso à sua propagação global.
Com o reconhecimento da Igreja, foram também concedidas indulgências aos fiéis que se dedicassem à devoção com sinceridade e fé. Entre elas, indulgências parciais e plenárias para aqueles que a praticam de forma privada ou pública, especialmente durante o mês de junho, dedicado ao Sagrado Coração. Também foram beneficiados sacerdotes que pregam sobre o tema e reitores de igrejas que promovem solenidades específicas, como a celebração do Altar Gregoriano. Essas graças espirituais confirmam a riqueza dessa devoção, que não apenas alimenta a piedade pessoal, mas também convida os cristãos a se unirem em reparação, adoração e confiança no amor misericordioso de Cristo.
Assim, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus permanece viva, inspirando gerações a se voltarem ao amor divino encarnado, representado por um Coração que pulsa de compaixão e desejo de salvação para toda a humanidade.
por Wander Soares
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Domingo da Ascensão do Senhor 27/05/2025
A Solenidade da Ascensão do Senhor é um momento de contemplação e ação. Celebramos a glorificação de Jesus, que, após cumprir sua missão terrena, retorna ao Pai, levando consigo a nossa humanidade redimida. Este mistério não é somente o fim da presença visível de Cristo, mas o início de uma nova forma de sua presença entre nós, através do Espírito Santo e da Igreja. Como nos recorda o Evangelho de Lucas, Jesus envia seus discípulos como testemunhas, prometendo a força do Espírito para guiá-los (Lucas 24,46-53). A Ascensão nos desafia a não ficarmos “olhando para o céu” (Atos 1,11), mas a sairmos em missão, anunciando o Evangelho com coragem e alegria. Hoje, também somos chamados a refletir sobre nossa responsabilidade de comunicar a fé, especialmente no contexto do 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais.
O livro dos Atos (Atos 1,1-11), escrito por São Lucas, começa com a narrativa da Ascensão, conectando a vida de Jesus à missão da Igreja. Jesus, após sua ressurreição, passa quarenta dias preparando os discípulos, falando do Reino de Deus e prometendo o Espírito Santo. A pergunta dos apóstolos — “Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?” — revela uma visão ainda limitada, focada em expectativas políticas. Jesus, porém, redireciona o foco para a missão universal: “Sereis minhas testemunhas… até os confins da terra” (Atos 1,8). A Ascensão, simbolizada pela nuvem que o oculta, é um ato divino que aponta para a glória de Cristo e o início do tempo da Igreja, guiada pelo Espírito. Somos desafiados a deixar de lado nossas visões estreitas e a abraçar a missão de levar o Evangelho a todos.
São Paulo, em sua carta aos Efésios (Efésios 1,17-23), nos convida a pedir a Deus um “espírito de sabedoria e revelação” para compreender a esperança à qual fomos chamados. Ele destaca a supremacia de Cristo, elevado acima de todo poder e colocado como cabeça da Igreja, a qual é seu corpo. A Ascensão não é apenas um evento celestial, mas a garantia de que Cristo governa a história e a Igreja, enchendo-a com sua presença. Esta leitura nos lembra que nossa missão como Igreja está fundamentada na certeza de que Cristo está vivo e atua em nós, capacitando-nos a sermos seus instrumentos no mundo.
No Evangelho de Lucas (Lucas 24,46-53), Jesus resume sua missão: sofrer, ressuscitar e enviar os discípulos a pregar o arrependimento e o perdão dos pecados em seu nome. Ele promete o Espírito Santo, que os revestirá de força, e os abençoa antes de ser elevado ao céu. Os discípulos, longe de ficarem tristes, retornam a Jerusalém “com grande alegria”, louvando a Deus no templo. Este trecho nos ensina que a Ascensão não é uma despedida melancólica, mas uma fonte de alegria e missão. Jesus não nos abandona; Ele nos confia a tarefa de continuar sua obra, sustentados pela promessa do Espírito Santo.
A mensagem do então Papa Francisco para o 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais, intitulada “Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações” (1 Pedro 3,15-16), nos convida a comunicar o Evangelho com autenticidade, humildade e respeito. O Papa destacava que a comunicação cristã deve ser marcada pela mansidão, refletindo a esperança que brota da fé em Cristo ressuscitado. Em um mundo marcado por polarizações e conflitos, somos chamados a ser pontes, anunciando a Boa Nova com palavras e ações que promovam a paz e o diálogo. Esta mensagem ecoa o chamado da Ascensão: assim como os discípulos foram enviados a proclamar o Evangelho, nós também somos chamados a usar os meios de comunicação — sejam eles tradicionais ou digitais — para partilhar a esperança que vem de Cristo, sempre com caridade e verdade.
Santo Agostinho, em seu Tratado sobre o Evangelho de João, oferece uma reflexão profunda sobre a Ascensão:
“Se Ele não se afastasse corporalmente, veríamos sempre seu Corpo através de olhos carnais e não chegaríamos a crer espiritualmente; e esta fé é necessária para que, justificados e beatificados por ela e tendo o coração limpo, mereçamos contemplar esse mesmo Verbo de Deus em Deus” (In Ioannis Evangelium, Tractatus XCIV, n.5).
Agostinho nos ensina que a Ascensão de Jesus não é uma perda, mas uma graça. Ao subir ao céu, Cristo nos liberta da visão meramente física e nos convida a uma fé mais profunda, que enxerga sua presença espiritual na Igreja, nos sacramentos e na missão. Essa reflexão nos desafia a viver a Ascensão como um chamado à maturidade espiritual, confiando na promessa de Jesus: “Eu estarei sempre convosco até o fim dos tempos” (Mateus 28,20).
Irmãos e irmãs, a Ascensão nos convida a sermos uma Igreja missionária. Não podemos ficar parados, “olhando para o céu”, mas devemos descer às realidades do mundo, levando a mensagem de esperança e salvação. Como comunicadores da fé, somos chamados a usar nossas palavras, ações e até mesmo as redes sociais para partilhar a alegria do Evangelho com mansidão. Que o Espírito Santo, prometido por Jesus, nos ilumine e fortaleça para sermos testemunhas fiéis de Cristo em nossa família, trabalho e comunidade.
Nesta Solenidade da Ascensão, celebramos a vitória de Cristo e nossa vocação de sermos seus missionários. Que a reflexão de Santo Agostinho nos inspire a viver uma fé espiritual e madura, e que a mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais nos motive a comunicar a esperança com mansidão. Peçamos ao Espírito Santo que nos guie, para que, como os discípulos, possamos voltar de cada Eucaristia com “grande alegria”, louvando a Deus e anunciando sua Boa Nova. Amém.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller
Bispo de Frederico Westphalen (RS)
Fonte: Cnbbhttps://www.cnbb.org.br
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Brasília ganha primeiro Santuário ao Imaculado Coração de Maria 27/05/2025
Brasília celebrou neste domingo (26) um marco importante para a fé católica da capital federal: a elevação da Paróquia Imaculado Coração de Maria ao título de santuário. A missa solene que oficializou a mudança foi presidida pelo cardeal arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, e reuniu religiosos, leigos e fiéis em um momento de profunda espiritualidade e alegria.
A paróquia, fundada em fevereiro de 2000 pelo então arcebispo Dom José Freire Falcão, completa neste ano seu jubileu de prata, celebrando 25 anos de história, fé e devoção. Durante esse tempo, a comunidade se consolidou como um espaço de intensa vivência religiosa, marcada por expressiva participação dos fiéis, aumento nas conversões e crescimento da catequese.
Segundo o Código de Direito Canônico, um santuário é um local sagrado, onde os fiéis realizam peregrinações com a aprovação da autoridade eclesiástica local. Para receber esse título, a igreja deve oferecer de forma abundante os meios de salvação, como o anúncio cuidadoso da Palavra de Deus, o incentivo à vida litúrgica — sobretudo por meio da Eucaristia e do sacramento da penitência —, além do cultivo de formas aprovadas de piedade popular.
Na prática, a elevação da paróquia ao status de santuário reforça seu papel como centro de misericórdia e espiritualidade. “É o que a comunidade desejava e já vivia também, como esse centro de irradiação da devoção ao Imaculado Coração. A gente tem visto isso de maneira muito forte, sobretudo pelo número de conversões e pessoas que têm procurado a fé”, destacou um dos religiosos presentes.
Agora oficialmente reconhecida como santuário, a igreja se torna também um ponto de referência espiritual e de acolhimento para quem busca maior comunhão com a Igreja local, fortalecendo ainda mais o testemunho de fé da comunidade brasiliense.
por Wander Soares
Fonte: com informações de Canção Nova Notícias
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Papa Leão XIV: O mundo precisa da esperança que nasce do amor de Deus 22/05/2025
Na manhã desta quinta-feira, 22 de maio, o Papa Leão XIV recebeu no Vaticano os participantes da Assembleia Geral das Pontifícias Obras Missionárias (POM), vindos de mais de 120 países. O encontro foi marcado por palavras de encorajamento do Pontífice à missão evangelizadora da Igreja, destacando que o serviço missionário permanece como eixo central da renovação eclesial proposta pelo Concílio Vaticano II. “Nosso mundo, ferido pela guerra, pela violência e pela injustiça, precisa ouvir a mensagem evangélica do amor de Deus”, afirmou o Papa, sublinhando a urgência de um testemunho cristão que promova reconciliação e esperança.
Durante a audiência, Leão XIV ressaltou o papel fundamental das quatro Obras Pontifícias — Propagação da Fé, Infância Missionária, São Pedro Apóstolo e União Missionária — no despertar do compromisso missionário entre os batizados, especialmente em regiões onde a Igreja ainda está em crescimento. Ele recordou também sua própria experiência pastoral no Peru, agradecendo aos missionários e colaboradores por seu empenho na formação de comunidades cristãs vivas e comprometidas.
O Papa fez um apelo direto aos Diretores Nacionais das POM para que estejam próximos das dioceses, paróquias e comunidades, fortalecendo o espírito missionário no cotidiano dos fiéis. Inspirado na Evangelii Gaudium, reiterou que a Igreja deve ser sempre aberta, anunciadora da Palavra e fermento de concórdia: “É importante promover um espírito de discipulado missionário e o senso de urgência de levar Cristo a todos os povos.”
Por fim, Leão XIV destacou dois pilares da identidade das Obras Missionárias: a comunhão e a universalidade. Encorajou o processo de renovação dos estatutos das POM e afirmou sua confiança de que esse caminho reforçará a vocação de serem sinal vivo do zelo missionário no mundo. Ao encerrar, deixou sua bênção apostólica e convocou todos a serem “missionários da esperança” neste Ano Santo, confiando suas intenções à intercessão de Maria, Mãe da Igreja.
Fonte: Vatican Newshttps://www.vaticannews.va
Foto: @Vatican Media
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Leão XIV: Palavra de Deus é para todos, mas atua diferente em cada um 21/05/2025
“Estou feliz em receber vocês nesta minha primeira Audiência Geral”. Foram as primeiras palavras do Papa Leão XIV, logo no início da Catequese desta quarta-feira, 21, a sua primeira desde que foi eleito Sumo Pontífice. A Audiência Geral contou com a presença de 40 mil fiéis na Praça São Pedro.
A Catequese de hoje é a segunda do ciclo de catequeses jubilares – iniciada pelo Papa Francisco. O predecessor de Leão XIV tinha o desejo de “refletir sobre algumas parábolas” e o novo Papa retomou o tema “Jesus Cristo, nossa esperança”, escolhido por Bergoglio para este Ano Santo do Jubileu.
A parábola do semeador (ver Mt 13,1-17) foi meditada por Leão XIV. O texto simbólico fala da dinâmica e dos efeitos da Palavra de Deus, “e o que ela produz”, que é como semente deitada no terreno do coração e no terreno do mundo.
Amor não pode ser calculado
Leão XIV afirmou que cada parábola conta uma história retirada do cotidiano, provocando nos ouvintes questionamentos como: “Onde estou eu nesta história? O que diz esta imagem à minha vida?”. Ele afirmou então que cada palavra do Evangelho é como uma semente lançada no solo da vida.
“No capítulo 13 do Evangelho de Mateus, a parábola do semeador introduz uma série de outras pequenas parábolas, algumas das quais falam precisamente do que acontece no solo: o trigo e o joio, o grão de mostarda, o tesouro escondido no campo. Então, o que é este solo? É o nosso coração, mas é também o mundo, a comunidade, a Igreja. A Palavra de Deus, com efeito, fecunda e provoca toda a realidade”, enfatizou.
Deus, explicou o Pontífice, espalha abundantemente a Palavra, ainda que ela nem sempre encontre terreno bom para produzir. “A Palavra de Jesus é para todos, mas atua de uma forma diferente em cada pessoa”, reforçou. “Estamos habituados a calcular as coisas – e às vezes é necessário –, mas isso não vale no amor!”.
A semente é sempre lançada
Apesar de atuar em cada pessoa de modo diverso, o Santo Padre destacou que a Palavra conserva sempre o poder de fecundar as situações da vida de cada um, pois vem de Deus e Ele nunca desiste.
“Jesus nos diz que Deus lança a semente da sua Palavra em todo o tipo de solo, ou seja, em qualquer das nossas situações: ora, somos mais superficiais e distraídos; ora, deixamo-nos levar pelo entusiasmo; ora, somos oprimidos pelas preocupações da vida. Mas também há momentos em que estamos disponíveis e acolhedores. Deus está confiante e espera que, mais cedo ou mais tarde, a semente floresça. Ele nos ama assim: não espera que nos tornemos o melhor solo, Ele nos dá sempre generosamente a Sua Palavra.”
Deus quem move a história
Leão XIV, então, convidou os peregrinos a analisar uma obra de Vincent van Gogh (1853-1890), a do Semeador no Pôr do Sol. O pintor holandês, mundialmente conhecido que chegou a produzir quase 900 telas em menos de 10 dias, pintou um agricultor, com o trigo já maduro e “sob o sol abrasador” que domina a cena de esperança.
É Deus “quem move a história, mesmo que por vezes pareça ausente ou distante. É o sol que aquece os torrões da terra e faz amadurecer a semente”, prosseguiu.
O Papa provocou os fiéis a refletirem: “Em que situação da vida nos chega hoje a Palavra de Deus?”. Por fim, Leão XIV os exortou a pedir ao Senhor a graça de acolher sempre esta semente que é a Sua Palavra. “E se percebermos que não somos solo fértil, não desanimemos, mas peçamos-Lhe que trabalhe mais em nós para nos tornarmos um solo melhor”.
Foto: REUTERS Guglielmo Mangiapane
Fonte: Cançao Nova Nothttps://noticias.cancaonova.com
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O anúncio do Evangelho deve ser com alegria 21/05/2025
As comunidades eclesiais do mundo inteiro, o Povo de Deus – cristãos leigos e leigas, vida consagrada, diáconos, padres e bispos – , em suma, a Igreja ou todos nós, discípulos missionários de Jesus, estamos empenhados em estudar e colocar em prática as conclusões da 15ª Assembleia Sinodal Ordinária, com o tema: “Para uma Igreja Sinodal: comunhão, participação e missão”. E para melhor compreender a missão da Igreja, ou a nossa própria missão, podemos retornar alguns anos no tempo.
Dez anos após a conclusão do Concílio Vaticano II, o papa da época, São Paulo VI, publicou a Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi – “O Anúncio do Evangelho”. Era 08 de dezembro de 1975. E foi escrita logo após a 3ª Assembleia Sinodal Ordinária, cujo tema era justamente sobre a “Evangelização no mundo moderno” (1974).
A primeira Exortação Apostólica do papa Francisco, Evangelii Gaudium – “A Alegria do Evangelho” – foi divulgada pouco mais de oito meses após ele ter sido eleito papa. Quem não se lembra do “Habemus Papam” escutado no dia 13 de março de 2013? A Evangelii Gaudium é de 24 de novembro daquele ano. Francisco a escreveu também como uma Exortação após a 13ª Assembleia Sinodal, realizada em 2012, ainda com o papa Bento XVI, e com o tema: “A Nova Evangelização para a transmissão da Fé Cristã”.
“O empenho em anunciar o Evangelho às pessoas do nosso tempo, animadas pela esperança, mas, ao mesmo tempo, torturadas muitas vezes pelo medo e pela angústia, é, sem dúvida alguma, um serviço prestado à comunidade dos cristãos, bem como a toda a humanidade”, escreveu São Paulo VI, em 1975. No parágrafo 17 da Exortação, quando define o que seja evangelizar, é apresentada a necessária visão de conjunto de todos os elementos da evangelização para se evitar uma definição parcial e fragmentária. Tais elementos essenciais, afirma o papa, foram tratados no Sínodo do ano anterior (1974), em concordância com o Concílio Vaticano II.
A Evangelii Gaudium de Francisco, 2013, cita a Evangelii Nuntiandi de Paulo VI, 1975, em 15 ocasiões. E também por 15 vezes o texto de Francisco cita o “Documento de Aparecida”, 5ª Conferência do Episcopado Latino-americano e Caribenho, evento realizado em 2007, onde o então arcebispo de Buenos Aires, Cardeal Bergoglio, atuou como presidente da comissão de redação.
Fica evidente a grande ligação entre estes documentos. De fato, o conceito de “discípulo missionário” nasceu ali naquela Conferência. E ganhou grande destaque na Evangelii Gaudium, no “coração” do documento, ou em seu eixo central, sobre o Anúncio do Evangelho (cf. EG 110-175). Vejamos o parágrafo 120:
“Em virtude do Batismo recebido, cada membro do povo de Deus tornou-se discípulo missionário (cf. Mt 28,19). Cada um dos batizados, independentemente da própria função na Igreja e do grau de instrução da sua fé, é um sujeito ativo de evangelização […]. A nova evangelização deve implicar um novo protagonismo de cada um dos batizados. Esta convicção transforma-se num apelo dirigido a cada cristão para que ninguém renuncie ao seu compromisso de evangelização […]. Cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus; não digamos mais que somos «discípulos» e «missionários», mas sempre que somos «discípulos missionários». Se não estivermos convencidos disto, olhemos para os primeiros discípulos, que logo depois de terem conhecido o olhar de Jesus, saíram proclamando cheios de alegria: «Encontramos o Messias» (Jo 1,41). A Samaritana, logo que terminou o seu diálogo com Jesus, tornou-se missionária, e muitos samaritanos acreditaram em Jesus «devido às palavras da mulher» (Jo 4,39). Também São Paulo, depois do seu encontro com Jesus Cristo, «começou imediatamente a proclamar que Jesus era o Filho de Deus» (cf. At 9,20). Porque esperamos nós?” (grifo nosso).
Uma nova evangelização exige um novo protagonismo de cada um de nós! E o papa Francisco foi nos mostrando e ensinando isso durante os 12 anos de ministério. Um verdadeiro processo! O Documento Conclusivo da 16ª Assembleia Sinodal, realizada em duas sessões – 2023 e 2024 – , com etapas prévias de participação das várias comunidades do mundo inteiro, retoma o eixo central da evangelização: “O caminho sinodal da Igreja nos levou a redescobrir que a variedade das vocações, dos carismas e dos ministérios tem uma raiz: ‘todos nós (…) fomos batizados num só Espírito, para formarmos um só corpo’ (1Cor 12,13)” (16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. Documento Final, n. 21). Não haverá Exortação Apostólica Pós Sinodal, como nas outras vezes, deixou claro o papa Francisco na nota de acompanhamento ao Documento Final: “Também eu o aprovei e, assinando-o, ordenei a sua publicação, juntando-me ao ‘nós’ da Assembleia”.
E na Bula de Proclamação do Jubileu Ordinário do Ano 2025 Francisco retoma, sutilmente, o tema da alegria na ação evangelizadora: “Olhar para o futuro com esperança equivale a ter também uma visão da vida carregada de entusiasmo para transmitir” (Spes Non Confundit, Bula de Proclamação do Jubileu Ordinário do Ano 2025, n. 9).
O anúncio do Evangelho, com alegria, permanece sendo um dos grandes desafios atuais: como animar outros batizados, discípulos missionários, à comunhão e participação, a ser peregrino de esperança? Certamente assumindo nossa vocação de servir, na gratuidade, como nos ensinou Jesus, com o gesto da última ceia: “Se compreenderdes isso e o praticardes, felizes sereis” (Jo 13,17); e como nos ensinou, mais recentemente, o papa Francisco, com seus inúmeros gestos e diversos documentos. Um legado que jamais esqueceremos e que o novo papa, Leão XIV, já deu mostras de que também não esquecerá!
Dom Juarez Albino Destro
Bispo Auxiliar de Porto Alegre (RS)
Fonte: Cnbbhttps://www.cnbb.org.br